Goliardos

Sois o vitupério da nossa honra. És o "carnubre" e nossa escória. Pergunto-te, nobre clérigo que acredita no sacro ofício, continuarás a nos importunar? Afinal, somos humanos demasiado humano e como tal, assim como a lua, somos mutável. É o que chamastes de status immanis et inanis, contudo, apenas falo: eis o que é humano. As moiras me entregaram o significado e com ele escrevo tais versos; tudo jaz a roda da fortuna, toma posse da tua moira. Tudo está posto nos três e em cada um reside mais três... Perséfone, a mediadora, que junto a Hades simboliza "ad homine" o seu ser "dual", dicotômico, mas não contraditório. És a bela rainha do submundo, deusa da primevera guiado por Hermes para a tua "abscôndita" essência, comeste a fruta e a aliança está feita, se uniste com a tua sombra. [...] O amor transcende a si mesmo e aponta para o silêncio antes da palavra. Aponta para a sua limitação de conceituação, os seus jogos de linguagem.

Posto isto, convém perguntar, qual a essência de tudo isso que estamos fazendo e julgando a nós mesmos ser algo a mais que mero instinto? O que determina estarmos ou não vivendo uma boa vida? Qual filósofo moralista irá nos indicar "o caminho", se não nós mesmos? Pois "quanto maior a santidade maior a bondade" (Lúlio) E "não ames ter honra sem justiça" (Lúlio). Afinal de contas, a tua hora também vai chegar, pois chega a hora de todos, como já disse Francisco de Quevedo, e, com isso, teus olhos por Hipnos serão fechados. Finis est principium e o teu fim reside no negar-se, mas o teu negar-se não pode se fazer presente no meu caminho, pois assim como Ares não terei piedade. E, assim, o psicopompo te encaminhará para o teu tártaro.

Darach
Enviado por Darach em 19/11/2023
Reeditado em 19/11/2023
Código do texto: T7935390
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