ALÉM DA SUPERFÍCIE
Com o poder do livre-arbítrio nos construímos e reconstruímos,
A vida é feita de escolhas e a cada um cabe a missão de conduzir a sua experiência,
Ser na medida certa, assim me dirijo,
Na exata medida do que minha natureza pode abraçar,
Ser aquilo que se encaixe, que vista a minha pele,
Não me digam o que devo ou não devo,
Só consumo o que posso digerir,
Minh'alma permanece no lugar que a acolhe e se afasta sempre que sente o vazio assomar,
Aquele vazio construído por seres deambuladores, que olham, sim, eles olham, mas não vêm, de tão cheios de si próprios se encontram,
Os outros, eles fixam com o seu olhar, mas estão cegos, não conseguem enxergar, apenas enxergam o seu ego, suas vontades,
Percebo sua avidez, sua cobiça, ambição, egoísmo, vaidade, o seu vazio,
Enxergo-os, oh, como os enxergo, e com meu silêncio me manifesto,
Não pretendo contrapor-me a tais seres com o assomar da minha voz,
Como poderia eu, combater seu alvedrio?
Choro o feio,
O feio feito de frieza, desamor, agressividade, precariedade, guerra, violência de toda a espécie, tortura, mágoas e amarguras, sofrimento,
Enxugo as lágrimas e olho o belo que me recompõe e anima,
O belo feito natureza, conhecimento, filosofia, música, poesia, afetos, simpatia, conversa amigável, laços, risos e sorrisos sinceros, fratria, amizade, generosidade, solidariedade, altruísmo, amor, borboletas, flores, enfim, tudo o que me predispõe a continuar minha caminhada atulhada de humanidade, onde o vazio não entra...