O CENTAURO & a RAZÃO COMOVIDA

Ficava em um delicioso jardim de frutas ávidas como o cristalino das águas apressadas, o centauro perdido da razão comovida.

Dirá você que o centauro e demais seres mitológicos corajosamente negaram a própria existência nos atos que encerram a aliança entre o sonho e a realidade, denominados Revolução dos Dogmas Clonados, e que se o centauro não deseja existir é um atentado contra a liberdade, porém não contra a democracia, democracia crê-lo.

Concordo. Porém devo admitir que a democracia é um estorvo nas questões práticas, colocando a genialidade sempre a mercê do medíocre, já que é a democracia uma operação matemática.

Por acaso um fato é menos crível só por ter o vagabundo como testemunha? Quantas vezes mente o douto nos decretos e nas sentenças oficiais? Aliás, necessário e urgente torna-se uma investigação sobre a mentira, cuja mecânica detém sofisticação e colorido dignos de uma disciplina artística ou teológica.

Não pretendo me alongar, diz a sabedoria popular que o inferno é ausente da brevidade, mas perdido nas narrativas o viajante sente o cheiro das bestas aproximar-se à medida que as vírgulas se avolumam, quero apenas lembrar: a existência é uma concessão racional.