Quando eu olhar para alguém novamente

 

 

 

Eu não quero me esquecer daquilo que aprendi,

De que esse ser, assim como todos os outros

É tão frágil e pequeno como eu.

 

Eu quero poder olhar nos olhos dessa alma

E conseguir sentir as emoções dela

Através do brilho, da força que suas pupilas tiver.

Porque talvez assim eu compreenda melhor a sua dor.

 

Eu quero a verdade, mesmo que ela seja insuportável,

Mas eu desejo que seja amável.

Porque a verdade conecta,

Faz desse emaranho de pessoas sozinhas

Energias que se aglomeram no frio

Para que esse calor as mantenha vivas.

 

Sei que permaneço bem em minha insignificância...

E eu não quero que ela seja tirada de mim,

Mas desejo abraçar o espírito amigo

Que me encara de diferentes formas

Sempre escondendo a mesma tristeza.

 

E talvez desse modo consigamos nos compreender,

E se uma pessoa se sentir amada e acolhida

Com toda certeza outra mais se sentirá também.

Porque estamos todos precisando tanto desse abraço...

Que mal podemos conter as lágrimas quando alguém, por alguma razão,

Venha até nós simplesmente para nos enxergar.

 

É que esta solidão toda, esse beco frio dentro de nós,

Ambos podem criar voz

E se eles crescerem muito,

podemos até nos calar

Para que somente eles se pronunciem

E nos tornamos trevas.

 

Mas se buscarmos bem fundo,

Nos olhos do outro,

nos olhos do espelho,

Uma nascente de água doce nos virá a regar o rosto

E será quente e puro.

Haverão estrelas a nos observar...

 

Existirá um amor diferente desse que aprendemos desde pequenos,

Que em forma de aroma e temperatura irá nos envolver

Sem que precisemos tocar alguém, sem que precisemos desejar algo em troca.

Ele simplesmente irá nos envolver, nos abraçar e enxugar as demasiadas lágrimas...

Toda a mensagem universal chegará até nós.

 

Esta é a única alegria que não me traz culpa,

Porque todas as outras são tão mundanas que esmagam a minha consciência

E perturbam a minha memória...

Elas fazem-me sentir tão material,

que me acorrentam mais nesse mundo de coisas.

 

Um mundo de coisas,

Das coisas,

E não das pessoas.


Então, quando eu olhar para alguém novamente, 

Eu não quero ser a mesma pessoa, 

Daquelas que fingem indiferença para proteger a si mesmo. 

A única proteção possível para quem se deixa amar o outro

É a dos céus.

 

25/05/2022

 

 

 

 

Jéssica S Rosa
Enviado por Jéssica S Rosa em 17/08/2023
Reeditado em 17/08/2023
Código do texto: T7864132
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.