Gota de Orvalho

Meus olhos se abriram, mas ainda trazia fechadas

As cortinas que cobriam a janela do meu coração.

E quando as abri, pude ver o dia que brilhava

Na luz do teu olhar profundo e quieto.

Como que a unir alma e corpo num só desejo,

Fui levado também a atravessar essa janela.

Rápido, a brisa do teu corpo invadiu os aposentos

Da minha vida, e rumo ao infinito da tua beleza,

Deixei voassem livres as aves do meu pensar.

Num bater de asas ritmado e sonoro,

Hoje, as palavras brincam em partituras de poesia.

São elas também,

O alimento das aves pequenas que nunca param de nascer,

Como são palha e folha seca, para os ninhos das já maduras.

E daquela janela que abri,

Toda a casa perfumou-se em flor.

No assoalho da razão, passei o pano do sentimento;

Varri, de cada canto, o pó da tristeza do meu passado;

Na parede do amor que construí, tijolo a tijolo,

O teu retrato, natureza viva,

É o quadro que trago mais alto pendurado e seguro;

Na cama dos meus sonhos deitei, essa noite, com você

E, sem saber que, no princípio, era perfeito,

Amanheci te amando,

No paraíso do teu abraço.