Ao passado
Escrevo longas cartas para ninguém. Registro meu tempo em emoções momentâneas e fixo minhas impressões em dissertações afetadas por um lirismo insistente, que mascara minha realidade. Sou do tempo amigo e parceiro. Há muito observo o renovar e outras mudanças. Conotativos emocionais desprendem-se de minhas letras criando imagens em uma tela imaginária, parte de um contexto inexplicável, mas que acompanha minhas solidões como parte delas.
Subscrevo poemas de uma existência condicionada. Fragmentos do sentir direcionam minha inspiração. Exalo saudade, quando faço-me em partida. E nas certezas que carrego por essa vida, nos raros momentos de minha sanidade, compartilho comigo a ausência vivida em lembranças inesquecíveis de tudo o que tenho passado. Porque o presente é flutuante e o futuro dispõe de todo o tempo. Mas o passado, este, acontecido e sentido, possui o teor de todo o meu ser.