Sina das Palmas

Sina das Palmas

(Samuel da Mata)

Quem contempla um coqueiro enxerga primeiro a majestade da copa. Penacho altaneiro, viçoso, ligeiro e audaz como corça.

Depois vê-se os frutos. Os cachos nascendo, outros florescendo e a beleza dos cocos da folha quatorze.

Quando se contempla um coqueiro, vê-se um filme ligeiro da vida da gente. No nascer garboso, no frutificar viçoso e no murchar saudoso até o desbaste.

Enumere as folhas do coqueiro de cima para baixo e multiplique a numeração por três. Paralelo da vida humana, do nascer viçoso da folha um, à desenvoltura produtiva da folha quatorze, ao triste desterro das folhas vinte e cinco à frente.

Folhas, outrora empinadas, mudam, com o nascer das novas, de numeração e de garbo. Suas lombares entorcem e aos poucos se inclinam ao solo como se cansadas estivessem.

O tronco traz consigo as marcas de furtivos sonhos das folhas e floradas esquecidas, mas nada disto importa à vista do admirador. Águas passadas não tocam mujolo.

Samuel da Mata
Enviado por Samuel da Mata em 25/02/2023
Reeditado em 25/02/2023
Código do texto: T7727577
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