Nas Horas Derradeiras
No crepúsculo do final de uma unidade cíclica do tempo, está a Terra na iminência para recepcionar 2023. Expor-se à retomada do reprocessar contínuo, vida.
Prepara-se para absorver em renovo tudo aquilo que a humanidade realizou. Bom e ruim.
Tem encrustado em seu casco, cacos dos estragos, daquilo que restou das ações precedentes.
Vesga de um olho, estrábica pelo desnorteio da vista ao levar a multidão, traz em seu semblante o fel e a dor, o cansaço típico daqueles que conduz sempre, incondicionalmente. Tempo derradeiro usado por demais pelos humanos, a buscar ressignificados.
Dois mil e vinte e três está à porta.
Estrábica, pouco tem a dizer. Indica em seu peito que mantém a couraça da justiça, logo acima, no centro da testa, em meio aos seus desajeitados olhos, o Sol irradiante da sabedoria brilha como a Aurora Dourada, Fonte Imanente Imutável.
Por estes sinais, sabemos que nela estaremos seguros se mantivermos o olhar para frente, e os pés firmes no chão, assentados no Amor Divino que reside no coração.
Como funcionária que está a espera para trabalhar numa nova jornada, num trabalho onde as reservas de forças dependerão mais do que nunca do seu interior, por ter sido tão exigido, e pouco reconhecido pelos agentes que se beneficiaram do seu trabalho. É hora de ir desacelerando suas funções vitais, e buscar refúgio.
É tempo de ajustar as ilhargas dos dois lados, dos dois corpos, do material e do espiritual, que funcionam no Um, Fonte Divina, Pai-Mãe Eterno.
O debaixo necessita do de cima para isto.
Espera-nos.
OM