MINHA MORADA

Morar em mim mesmo faz sentido, onde o meu viver está contido mas os meus recantos não são tão pequenos assim, dentro de mim moram mundos, viagens, sentimentos e tantas outras coisas mais, sem jamais possa ver todas as minhas diabruras, vidas futuras que hoje deixam de existir, só passado que hoje corrói e me dói lembrar outra vez mas existem venturosos momentos que valem a pena lembrar. Juntando todos os passados, os bons e os ruins, minha morada que vive em mim muitas vezes me sufoca e não permite que eu me torne presente e isto acarreta um infernal embaraço. Por percalço, Procuro limpar o estrado, onde as coisas me verberam, me vituperam e me resto a pensar: morar em mim mesmo é bom ou o melhor será me libertar das amarras desse mim mesmo virulento que me faz deixar de ser?... Em meu sátiro indagar me advém uma célere resposta: viver é assim mesmo; não há planger, nem imprecar, basta sorver o que a vida limita...