A nossa sede

 

 

Aprender a esperar o dia acontecer, assistir o sol se pôr, ou nascer, aceitar o rosa da flor esmaecer, feito o amor quando alguém a esperar deixou você... superar, continuar sufocando alguns desejos, sair da janela, abrir as portas e deixar a noite entrar, ver estrelas piscando para novos sonhos, brincar com as fantasias da alma, feito a criança que adora as histórias da avó, e adormece sem canções de ninar... que sonha sonha brincando.

 

Daquela estrela eu me recordo e sei ela lembra de mim, sempre volto à rebuscar o seu brilho para que ela em meus olhos possa alimentar a esperança refletindo que não se confunde no azul do céu, antes se joga no verde da serra, é que os meus pés buscam a areia molhada que passa embaixo da ponte, que finda onde a minha alegria impera, sobre pedras.

 

Fechar os olhos lembrar da falta d'água do rio que atravessava o final da rua da casa dos meus pais, depois as raras, mas enxurrada, trovoadas, e o rio transbordando, fazia esquecer que a minha mãe tinha medo dos temporais, esquecia da corda e do balde, que era o único jeito de trazer esperança pra as flores que estavam secando, descia o mais fundo do poço, a sede dos bichos matava, a nossa sede, e de noite correr atrás dos vaga-lumes era alegria para toda a criançada.

 

O que tiver que ser é preciso aceitar, a felicidade já corre livre pela casa, pelas ruas com os ventos, invade pensamentos, sem dar tempo ao tempo, a vida é agora, e a pressa não soube esperar, foi embora, nem vi, fiquei jogando conversa fora, tentando entender-me com o presente, é que o sol foi entrando pela porta da frente, dando brilho e cor aos sentimentos à me chamar. Dizem que as coisas que penso, são desejos reprimidos, eu por mim, sei que os meus pensamentos são todos feito de céus, que me levam por aí, feito pássaro que voa sozinho, mas sabendo onde fica o seu ninho.

 

Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 01/09/2022
Reeditado em 12/09/2022
Código do texto: T7596169
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