A Arte, e o Novo Tempo 6

No palco, no espaço onde encontravam, o protagonista, e os representantes da hierarquia angelical.

A luz que clareava o ambiente foi desaparecendo.

Noutro extremo, uma tênue luz foi emergindo, pouco a pouco expandindo, iluminando o novo cenário com utensílios e estética da cultura indiana antiga.

Flores, almofadas ao chão, de tecido de seda, e metais reluzentes.

O som da música erudita indiana antiga passou ser ouvida, o som dos instrumentos, sitar e Vina, e o canto erudito, tomou o palco, amalgamando a realidade anterior da peça. Expondo a cultura e a arte da Índia antiga.

Seria o próximo ato da peça. A encenação do diálogo inicial que se firmou no início da grande Odisseia, “Mahabharata”, estabelecido entre o autor do livro, Vyasa, Ganesha, o escriba que escreveria a obra, deus na mitologia indiana, e o menino, o que tomaria conhecimento da história da sua raça. Da humanidade.

Vyasa estava no centro do espaço, com vestimenta parecido aos brâmanes, membros hereditários da classe sacerdotal. Cabelos longos, e grisalhos, com barba. Pele morena clara.

À sua frente, um menino que havia adentrado recentemente ao palco, de aspecto ressabiado, expressando assombro e indagação pelo olhar. Era franzino, pele queimada, cabelos negros, lisos avantajados

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“O jogo de Dados”

A música foi sendo sublimada pela voz grave de Vyasa. Dotado de certeza, convicto de que falava a verdade.

___Sabe escrever?

O menino, que estava a sua frente, responde:

___Não...porquê?

___Criei um grande poema. Só que não está escrito. Preciso de alguém que escreva o que sei.

O menino indaga:

___Como é o seu nome?

___Vyasa.

___Sobre o quê é seu poema?

___Sobre você.

___Sobre mim?

___É.É a história da sua raça, de como nasceram seus ancestrais...como cresceram, e como a grande guerra começou.

___É a história poética da humanidade. Ouça atentamente até o fim, será outra pessoa.

Interpõe à cena, Ganesha. Como a um escriba. Com os apetrechos para a escrita.

Vyasa quando o vê, fica entusiasmado e comporta de modo que expressa surpresa e admiração em relação ao interlocutor.

Ganesha, na narrativa, e para a cultura mitológica antiga indiana, é um deus, porteiro, garante um excelente começo, removedor de obstáculos.

Tão logo Ganesha adentra despreendidamente em cena, Vyasa o cumprimenta respeitosamente.

____Ganesha, seja bem vindo!

Ganesha responde:

___Sei que quer um escriba para a história poética da humanidade. Estou ao seu dispor.

O menino pergunta:

___É realmente Ganesha?

O mesmo responde:

__Sim. Ganesha em pessoa.

Vyasa sentou-se ao lado de Ganesha, sentando este imediatamente após. Iria iniciar a escrita, a tomada do narrado pelo autor da história.

___Estou pronto. Pode começar.

Disse ao menino:

___Venha sentar-se.

Vyasa argumenta:

___Há algo de secreto em relação à origem. Não sei como começar.

Ganesha:

___ Permita que sugira algo?

___Com prazer, diz Vyasa.

___Sendo o autor do poema, porque não começa com a sua história?

___Exato.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 16/05/2022
Código do texto: T7517590
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