Abismo
Abismo
Minha alma é livre.
Mas meu corpo está preso,
na sádica solidão.
O abismo convida meu corpo a padecer,
sucumbir.
Neste vasto mundo
as cores são cinzas, frias e insólitas.
Os rumores de esperança se esvaíram,
extraordinariamente o mundo revira-se.
Perde-se do farol, o Norte.
Tudo e nada se fundem.
As ondas tragam o afagar da respiração.
os pássaros não gorjeiam.
As feridas abertas necrosam .
Meu corpo é morada tardia
de uma alma livre,
sem rumo, sem sina
sem vida.
Elza Sales