Calvário da Serra (Lenheiro)
Antes mesmo de sermos sombra nos Divinos sonhos,
Tu já estavas, chão sagrado da Criação, humano abrigo, tal colo.
Vicejou frutos, percorreu em ti, a alegre fauna.
Certeza de proteção e pão.
Frutos homens, enraizados como a macaxeira,
E a Criação sorria, livre como o peixes no ribeirão e aves no céu.
Pedra estranha e sem gosto, fez gente sem cor e amor aqui chegar.
E a vida que alegrava seu chão, caçaram, arrancaram, te deixaram ferida a soluçar!
Suas lágrimas desviaram, para mais pedras encontrar.
Mal sabiam eles que tesouro maior era quem habitava lá
Muito pranto rolou, quanto o seu e meu sangue rolou.
E casas estranhas ergueram com pessoas sozinhas que se acotovelavam com sua solidão.
Onde está o tico-tico, o assanhaço, o inhambu? Fugiram!
Homem sem cor e sem amor quer ser rei de tudo e de todos e continua só e cego para o que realmente é belo.
Não ouve seu grito, seu lamento. Suas lágrimas já quase secas tentam empurrar a lenha e a vida dos que ainda vivem nos restos da exuberância que um dia você foi.