Por falar em verbos
Pescamos as mesmas notas,
Jogamos os mesmos jogos,
Corremos pelas mesmas estradas,
Economizamos a mesma vontade.
Crescemos em envelopes estranhos,
Escrevemos em papiros distintos,
Conspiramos dizeres vencidos
E ficamos na mesma irmandade.
Discutimos com semelhante veemência,
Lutamos com propósitos internos.
Tornamos a vida ao gosto,
E tomamos do mesmo licor.
Comemoramos pelos mesmos pequenos,
E nos preocupamos por eles também,
Choramos jogados ao canto,
Crescemos caídos porém.
Recebemos os mesmos valores,
Aplicamos as técnicas perdidas,
Vivemos no mesmo sorriso,
Conversamos por horas benditas.
Percebemos problemas perdidos,
Tornamos as mesmas vontades,
Se tossíssemos pelo mesmo cigarro.
Engasgaríamos por ele também.
Imaginamos viagens curtíssimas,
Planejamos caminhos prolongados,
Não vendemos da arte na praia,
Por ainda não termos sido convocados.
E pelos anos que se passam de sorte,
Nos vemos nas mesmas crianças,
Derramamos lágrimas contidas,
Inudamos vivências sentidas.
Completamos casos de glória,
Fantasiamos contos escritos,
Planejamos carreiras estrondosas,
Reconhecemos os valores da vida.
E pelo limbo do desconhecido,
Que nos confortamos pelo fraterno,
Pela riqueza da companhia,
É que se derrotam os flagelos internos.
E assim é o mês que se corre,
E por hora se passam os anos,
Os olhos se fecham em instantes
E a vida se borda em planos.
E pelo fim que se percebe o Obreiro,
E pelas bençãos de vidas tão belas,
É que se desprende o sentido verdadeiro,
De uma aliança que se prende em celas.
Prosa poética pela passagem
do aniversário de minhas
irmãs. Setembro de 2021.