Tezeta
Como o mel e o sal, a vida se faz igual
Viramos o norte, o sul se faz, broto que nasce
A insegurança de acordar amanhã traz a vogal
Vocábulo de consoantes que permanece
Diante da muda que emerge do solo, um sinal
A vontade que vem da precaução, uma prece
Da labuta que molda nosso ideal
Ser humano, se tornou ser mundano
A ligação com nosso instinto
Virou algo raso, soberano
Promulgo algo sereno, minto
Modelo do que prospera, forte, tutano
Carcaça fúnebre embriagada, absinto
Na minha índole passo um pano
Ao que se sobrecarrega na tua senda
Uma lágrima resolve
Ao que se esmera na tua fenda
Um quartzo se dissolve
E talvez toda a caminhada seja uma merenda
Que toda a celeuma se absolve
E toda dor seja uma prenda
Se por ventura se calar
A voz que, muda, emana da tua laringe
Se faça cego á ela, calabar
Minta para a dinastia que finge
No teu âmago mude o trilhar
Construa algo modular, uma esfinge
Com objetivo eterno, um bilhar
Aos olhos dos que virão, o futuro
Desejo a compreensão de acordo com o contexto
Sem desejar o furo
Apenas o motejo do mesmo texto
Na brisa da manhã, após o escuro
Anseio a ansiedade, o pretexto
Para pular o muro
Se neste vernáculo não há espaço para perdedores
Promulgo a diversidade dos assuntos da sua visão
Como ramos de myrtaceas buscando a luz, dissabores
Ao pé da necessidade, um poltrão
Mas na possibilidade de gozar os podres
Vejo a cintilante penumbra do jargão
Que dos bons os mundos serão
Apesar da pouca embriaguez da alma
Deste mundo sólido e frio
Vejo a lucidez nos deslizes da calma
O revés nem sempre sombrio
Pluma vorás de nossa fauna
Efêmera, talvez menos que um arrepio
Ou tudo que temos, nossa auna