Tezeta

Como o mel e o sal, a vida se faz igual

Viramos o norte, o sul se faz, broto que nasce

A insegurança de acordar amanhã traz a vogal

Vocábulo de consoantes que permanece

Diante da muda que emerge do solo, um sinal

A vontade que vem da precaução, uma prece

Da labuta que molda nosso ideal

Ser humano, se tornou ser mundano

A ligação com nosso instinto

Virou algo raso, soberano

Promulgo algo sereno, minto

Modelo do que prospera, forte, tutano

Carcaça fúnebre embriagada, absinto

Na minha índole passo um pano

Ao que se sobrecarrega na tua senda

Uma lágrima resolve

Ao que se esmera na tua fenda

Um quartzo se dissolve

E talvez toda a caminhada seja uma merenda

Que toda a celeuma se absolve

E toda dor seja uma prenda

Se por ventura se calar

A voz que, muda, emana da tua laringe

Se faça cego á ela, calabar

Minta para a dinastia que finge

No teu âmago mude o trilhar

Construa algo modular, uma esfinge

Com objetivo eterno, um bilhar

Aos olhos dos que virão, o futuro

Desejo a compreensão de acordo com o contexto

Sem desejar o furo

Apenas o motejo do mesmo texto

Na brisa da manhã, após o escuro

Anseio a ansiedade, o pretexto

Para pular o muro

Se neste vernáculo não há espaço para perdedores

Promulgo a diversidade dos assuntos da sua visão

Como ramos de myrtaceas buscando a luz, dissabores

Ao pé da necessidade, um poltrão

Mas na possibilidade de gozar os podres

Vejo a cintilante penumbra do jargão

Que dos bons os mundos serão

Apesar da pouca embriaguez da alma

Deste mundo sólido e frio

Vejo a lucidez nos deslizes da calma

O revés nem sempre sombrio

Pluma vorás de nossa fauna

Efêmera, talvez menos que um arrepio

Ou tudo que temos, nossa auna

Leonardo Pitanga
Enviado por Leonardo Pitanga em 04/07/2021
Reeditado em 25/08/2021
Código do texto: T7292878
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