Que sou agora?
Onde estou?
Aonde vim parar?
E aqueles sonhos que me faziam crescer? Onde estão?
Olho todos os dias, os dias.
Olho todas as noites, as noites.
O silêncio é tão amplo que assusta.
Já não pergunto, sei que não existem respostas.
Desesperada, procuro algo...Um projeto.
Um projeto de qualquer coisa.
Olho as tintas e sei que posso, e posso tanto que faço nada.
Olho o papel e os lápis e me horrorizo com minhas possibilidades.
Em minha mente, são tantas as cenas que fujo delas dormindo.
Um resto... Um resto de mim? Um projeto de qualquer coisa, feito uma reciclagem.
Vi o Jardineiro. Ele estava colhendo flores.
Será que ele já sabe que capim é flor?
Sei que qualidade de flores ele procura... Flores pessoas.
Bonito o Jardineiro procurar flores, mas é preciso cultivá-las.
Será que ele sabe que se cuidar demais as flores morrem?
É, elas morrem... Parece absurdo. Mas é fato, morrem.
O Jardineiro terá que cuidar das flores que procura, mas não muito para que não as sufoquem.
São estranhas elas, nós, as flores.
Descuidem-se; morrem por falta de atenção.
Preocupem-se em demasia; morrem... Até o capim, que logo se acha orquídea.
Volto já para o nada.
O Jardineiro colhendo flores.
Eu, um projeto...
Eu, flor.