AS PEGADAS DO MAL

Isolada no escuro em meu quarto, me pergunto por onde anda aquela menininha faceira e sorridente de cabelos loiros cacheados, de faces rosadas e olhos vibrantes.

Aquela menina que corria e brincava acreditando que o mundo era habitado por fadas e bruxas, que a lua cheia era um grande queijo de Minas e lá no fim do arco-íris um pote de ouro havia.

Quem sabe esta menina ainda vive, só que hoje sem vontade de sorrir por ter descoberto que as fadas estão mortas e as bruxas fugiram com medo de tanta maldade que jamais imaginaram que existisse.

O rosado da face se rendeu ao tom pálido e os olhos vibrantes se tornaram opacos e sem esperança.

A lua cheia ilumina as correntes de homens que se arrastam no vale de lagrimas.

Carrascos com suas capas pretas se alimentam do sangue dos inocentes.

O pote de ouro foi roubado pela sede de poder e as cores do arco-íris se transformaram no símbolo orquestrado por predadores que alimentam suas presas para abatê-las no futuro.

Massas cinzentas vagueiam exibindo com orgulho a ferra aplicada em campos de doutrinação.

Percebi que o escuro do meu quarto é a extensão da caverna a qual a menina subsiste acorrentada.

HILDA STEIN
Enviado por HILDA STEIN em 10/03/2021
Reeditado em 18/12/2022
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