AS PEGADAS DO MAL
Isolada no escuro em meu quarto, me pergunto por onde anda aquela menininha faceira e sorridente de cabelos loiros cacheados, de faces rosadas e olhos vibrantes.
Aquela menina que corria e brincava acreditando que o mundo era habitado por fadas e bruxas, que a lua cheia era um grande queijo de Minas e lá no fim do arco-íris um pote de ouro havia.
Quem sabe esta menina ainda vive, só que hoje sem vontade de sorrir por ter descoberto que as fadas estão mortas e as bruxas fugiram com medo de tanta maldade que jamais imaginaram que existisse.
O rosado da face se rendeu ao tom pálido e os olhos vibrantes se tornaram opacos e sem esperança.
A lua cheia ilumina as correntes de homens que se arrastam no vale de lagrimas.
Carrascos com suas capas pretas se alimentam do sangue dos inocentes.
O pote de ouro foi roubado pela sede de poder e as cores do arco-íris se transformaram no símbolo orquestrado por predadores que alimentam suas presas para abatê-las no futuro.
Massas cinzentas vagueiam exibindo com orgulho a ferra aplicada em campos de doutrinação.
Percebi que o escuro do meu quarto é a extensão da caverna a qual a menina subsiste acorrentada.