O professor

As aulas eram como um candeeiro aceso. Os cabelos raros e os braços a gesticular palavras que saíam sabe-se lá donde. Era um encantador de almas. Falava como quem regesse árvores e rios e mares. Falava como um milagre. Um espanhol arrastado, legado da mãe uruguaia e do pai iletrado. A sala, sem portas e abas, era um coração encharcado. Gentes por todos os lados amontoadas para escuta-lo, atentas ao silêncio da fala. Invocava encantos de amor, porque sem amor não há ensinagem. Ensinar era como incendiar a passagem. Alejandro era um ensinador de bondades.