A cria
Qual é a face da abominação
Sabe-se dela que, desde o ventre
Seus chutes
Haverão de ser ritmados
Pois o som a gerou
A abominação é cria da noite
Embalada até a alvorada
Seu choro sustenido
Acalentado nos seios de Sucubus
A abominação é do samba
Vem ao mundo solfejando bossas
Derrubando versos no engatinhar
O pai repreende os movimentos
D’Abominação em sua mãe
“Chutar não, que nasceste música “
Abominação é cria boêmia
Que anda descalça no compasso
Passeia nos choros das esquinas
Emaranha pipa em partituras
Abominação de pai anjo
E mãe Sucubus
Desfila cachos louros impertinentes
Não pertencendo a estes viventes
Abominação entretida em Leminskis
Assobia Pizzarellis
Entre mamadas em fontes Platônicas
Até que o pai grita de lá
“Um tom acima!”