O futuro que respira a morte

Noite estranha esse 2020,

Começou no susto de 2019.

No desejo que a virada da noite,

Nos acordasse suspirando do pesadelo.

Dizia logo ali, o futuro...

E o dia amanheceu já com o enredo determinado,

O Brasil de várias formas subjulgado, por mãos levianas enganado.

O pesadelo durou dias e noites,

E que não havia um só, que não rogássemos que o castigo fosse finalizado.

Dia após dia, o pão era tirado.

Cada vez mais um desesperançado...

Mundo sádico.

Não veio a chuva de bênçãos proclamada nos púlpitos,

Afinal, o messias governava a nação.

Usaram deus para ludibriar o povão...

Não só ele, todos que foram inoculados pelo ódio vindo da comunicação

O país se perdeu, se esqueceu, morreu.

Deixou seu povo chorando no escuro, qual criança abandonada à sua própria (má)sorte.

E veio a peste, silenciosa, traiçoeira, ajudando a besta a derrotar a esperança derradeira.

Chove e chora o céu por muitos que se foram, inocentes ou não,

A morte é igual quando deixa órfão um coração.

A esperança no amanhã se enterra em cada caixão

Mortos-vivos em todos os cortejos, caminham ao léu

Aguardando a vez da infeliz lhe cobrir com o véu.

Aquela maldita boca cuspiu: "todo mundo vai morrer um dia"

E o verde daquela bandeira que não orgulha ninguém de se cobrir, vai aos poucos

entristecendo, de lágrimas morrendo, enlutando um chão que se tornou valão.

"Essa é a parte que te cabe nesse latifúndio..."