Aquela casa
Aquela casa tem sentimentos
pespegados nas paredes, hoje úmidas e mofadas.
Foi abrigo de tristezas, de alegrias, lágrimas e lágrimas, doces e salgadas.
Aquela casa foi meu templo, foi meu reino, foi meu mundo.
Nas janelas eu olhava, para fora e para dentro, como alguém que vai partir e sabe que esqueceu alguma coisa.
No seu chão tem meus pés
estampados de calor que nunca esfria.
No seu teto tem meus sonhos, colados como se a cabeça fosse os pés gravitando em contrário, caminhando, caminhando.
Eu continuo habitando aquela casa. Meus sonhos não descolam e no velho espelho do meu quarto ainda me olho como uma fotografia que teima em não passar.