CANTO MISCIGENADO AO VINTE DE SETEMBRO

Entre o Sul e os Gerais batia o coração dividido

Lembrava o céu dos pampas

Por vezes cinza, poucas vezes azul

Lá, quando o inverno castigava

Àquele vento cortava o peito, indo pra escola

Tinha dias que era brabo aguentar aquele frio...

Mas gaúcha que é gaúcha não teme outras querências

Povoa todo lugar e não esquece sua essência

E mesmo sem ter vivido

Àquela famosa guerra

O sangue aqui é Maragato

Pois não gosto de injustiças

De abuso de poder

Quando o assunto é minoria

Meu lugar logo se ajeita

Pego o meu lenço vermelho e tiro a faca da bota

Pode chamar de china, de rapariga negra ou mulata

Pois pra mim o que importa

É que somos todos iguais

Uns de olhos azuis,

Outros de olhos castanhos

Uns de cabelo loiro

Outros de cabelos de cacho.

Pois essa coisa de racismo não se aplicou lá na guerra

Quando os Negros Lanceiros

Com seus corpos bronzeados

Montados em seus cavalos foram heróis

Mais que soldados...

E mostraram lado a lado

Que Gaúchos e Gaúchas

Só tem um Sangue e uma Terra...

Brasil.