Poder
Para quem se remete
A quem este pertence
Comigo, só uma parte
A que me abdico para outros se apoderarem
Ao pobre resta pouco
Mútua vontade, pura incapacidade
Entendemos pouco sobre a força motriz
O moinho que produz
É o mesmo que induz
Inconsciente e coletivo
Bendito e maldito
Vesgo ou vendido
Faça da tua fantasia a carta
A mesma que te apresenta ao veredito
Dos que hão de te julgar em breve
Como raposa, nomeada Benedito
O passado e a história, um arcabouço leve
Se teu presente for de brio, passe o pito
Águas que passaram, enrijeceram, secaram em neve
Se te levaram ao momento perfeito
Se alegre meu caro, sua senda serve
Caso, teu acaso e perseverança ajudem a massa
Se aplique meu velho, enobreça tua passagem
Faça do teu rito uma partilha nobre
Semeando vida com fina vagem
Os utensílios são naturais, esqueça o cobre
A Balança é tua parceira, a moagem
Os grãos são tuas glórias no solo pobre
Teu modelo estático de viver, uma viagem
Mas se o batel conter pescados mortos, manobre
Mesmo se o poder te consumir a ponto de virar fumaça
Espera teu instinto, ele não se cala
Apenas ultrapassa a vala que distingue você do número
Faz tua carcaça pedir tua fala
Mesmo que para ouvinte cego, fuleiro
Átimo de modificação latente, uma pala
A mentira que instiga sentimento ligeiro
Efêmero, porém que infla nossa mala
Recebemos herança afiada, somos o moleiro
Se quer obter uma fatia da torta
Se esqueça do que representa o status
Se apequene nas enormes estórias
Se instrua, se conheça, tenha a visão de Athus
Quando se deparar com o sofrimento, misture-se à escória
Não se menospreze, não ouça Malthus
Valorize a literatura, se lambuze de memória
Saia do buraco, no momento certo, como as Otus
Lambe tua ferida com a boca seca, a glória