Poder

Para quem se remete

A quem este pertence

Comigo, só uma parte

A que me abdico para outros se apoderarem

Ao pobre resta pouco

Mútua vontade, pura incapacidade

Entendemos pouco sobre a força motriz

O moinho que produz

É o mesmo que induz

Inconsciente e coletivo

Bendito e maldito

Vesgo ou vendido

Faça da tua fantasia a carta

A mesma que te apresenta ao veredito

Dos que hão de te julgar em breve

Como raposa, nomeada Benedito

O passado e a história, um arcabouço leve

Se teu presente for de brio, passe o pito

Águas que passaram, enrijeceram, secaram em neve

Se te levaram ao momento perfeito

Se alegre meu caro, sua senda serve

Caso, teu acaso e perseverança ajudem a massa

Se aplique meu velho, enobreça tua passagem

Faça do teu rito uma partilha nobre

Semeando vida com fina vagem

Os utensílios são naturais, esqueça o cobre

A Balança é tua parceira, a moagem

Os grãos são tuas glórias no solo pobre

Teu modelo estático de viver, uma viagem

Mas se o batel conter pescados mortos, manobre

Mesmo se o poder te consumir a ponto de virar fumaça

Espera teu instinto, ele não se cala

Apenas ultrapassa a vala que distingue você do número

Faz tua carcaça pedir tua fala

Mesmo que para ouvinte cego, fuleiro

Átimo de modificação latente, uma pala

A mentira que instiga sentimento ligeiro

Efêmero, porém que infla nossa mala

Recebemos herança afiada, somos o moleiro

Se quer obter uma fatia da torta

Se esqueça do que representa o status

Se apequene nas enormes estórias

Se instrua, se conheça, tenha a visão de Athus

Quando se deparar com o sofrimento, misture-se à escória

Não se menospreze, não ouça Malthus

Valorize a literatura, se lambuze de memória

Saia do buraco, no momento certo, como as Otus

Lambe tua ferida com a boca seca, a glória

Leonardo Pitanga
Enviado por Leonardo Pitanga em 28/05/2020
Código do texto: T6961093
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