A Senhora Triste do Opel Cinzento...

Vi-a numa tarde fresca de Inverno,com uns laivos de Primavera.

Naquele Inverno,como em todos os outros,o restaurante da praia de que eu era proprietário,só abria aos fins de semana.Naquele dia estava,portanto,encerrado.

Na Lagoa,sempre que o tempo o permitia,apareciam por ali alguns casais passeando ou namorando.

De repente,vi-a.Tinha um ar triste e eu fiquei a observá-la enquanto ela saía do carro.Vagueou durante algum tempo sem destino,pela praia.Parecia tímida e insegura.Por fim sentou-se na areia,com o olhar perdido no horizonte.

Tirou algo da bolsa que levava.Era uma folha de papel que começou a ler.De vez em quando,disfarçadamente,limpava uma lágrima.

Depois de algum tempo levantou-se, caminhou mais um pouco,apanhou uma conxinha que guardou e voltou para o carro.

Nunca olhou para mim.Se o fez,foi furtivamente...

De qualquer modo eu ali estaria para um diálogo,uma confidência,se ela o quisesse.

Atraía-me o seu ar triste e distante...

Vi o carro afastar-se lentamente...

Ainda parou uma ou duas vezes como que a despedir-se daquela tarde linda e nunca mais a vi...

MAR
Enviado por MAR em 15/10/2007
Reeditado em 03/08/2014
Código do texto: T695828
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