Tempos dos velhos

Avizinharam-se os noventa da idade, e o manto negro a cobrir-lhe os ombros denunciara o luto da morte precoce. Era um corpo magro, marcado pelas rugas e pela voz rouca. Vencera a vida, a duras penas, a cuidar dos sete filhos com o ímpeto de mãe. Mas a peste chegara, e com ela a solidão dos tempos. A velhice da peste era a grande tristeza dos velhos. Aprisionados, morriam da tristeza. Libertos, pereciam de doença. Eram tempos de reinventar.