POEMA DA MADRUGADA

Na pureza sem beleza,

da madrugada fria

penso em voltar para casa.

Mas, o que me dirias?

Desenterrar cravos muchos?

Meus olhos saltam

na direção asfáltica.

Manhã que surge,

despedindo a flora

cinzenta dos pântanos

imprecisos e indecisos.

Lavo meu torso nú

na fonte dos desejos

atormentados e aplacados.

Nervos tensos, crescem,

oprimem e se comprimem

nas estreitas passagens

que minha memória guardará,

como marcas indeléveis

de nomes armazenados

nas grandes altitudes.

inalcançáveis para meu corpo

aniquilado pelo cansaço

e pela solidão.

Agora ouço o clamor,

de uma gata vadia,

última mensagem

que a madrugada envia:

Enterrem, seus bêbados,

suas prostitutas; saudade

e solidão.

Seja feita a vontade da vida...

Abram alas para um novo dia.

T@CITO/XANADU

Paulo Tácito
Enviado por Paulo Tácito em 22/04/2020
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