Gleba

Não arrisco o rosto, não apuro os gostos, reações à amargura da tardinha. Na contra-noite, cigarras/cigarros explodem e um poema cutuca os dedos, desperta sentidos. Pulsações de um poema sem palavra. Caracteres aos olhos de Gleba que nem vislumbro se bela, torpe ou azul. Um poema para Gleba e já! Um poema de desconhecimentos que arrepiem sua pele em uma acomodação silente. Toque a pele de Gleba. Contorne sua cintura que esculpo, elétrico, em um devaneio todo meu. Contorno sua cintura de frente ao computador do escritório, quarto, cybercafé. Pouco importa; poema sem palavra de toque na mulher terra que não conheço e que me desdiz tanto em seus códigos de poeta. O poema é para a carne de Gleba, é para os seios de Gleba, é para as coxas de Gleba, é para o sexo de Gleba. Uma poeta à boca do computador no século vinte e um, prosa em teclas precisas, dois centímetros acima do chão, mãe terra zelosa, bola de rodopiar e cansaço. O estoque nunca vazio. Um poema para acariciar os cabelos de Gleba, beijar sua fronte de louros. Pandora, caixa de e-mails. O poema é em prosa: infelizmente palavras, palavras... cigarras/cigarros explodem no crepúsculo de minha rua. Rebenta algo no coração do Brasil. Tentativa presa na tessitura de Gleba. Bonanças!

Gleidson Riff
Enviado por Gleidson Riff em 03/02/2020
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