Amanhã Talvez
Talvez amanhã mude meu rito
Altere meu grito
Moteje meu mito, um pito
Mascare o Arquiteto, o Bonito
Talvez amanhã encare o fulgaz
Apodreça a mais doce mentira, aqui jaz
Ou enseje tua inveja, voraz
Matando minha sede, Bendita Paz
Talvez amanhã seja menor a dor
De entender o amor
De apreciar o torpor
De esquecer a flor e virar beija-flor
Talvez amanhã eu mire a ignorância
Ignorando a estância
Estando em cada insignificância
Significando a abundância
Talvez amanhã eu não perceba meus iguais
Perdoe todos os demais
Que evoluíram para ser irracionais
Os feitores da moral, imorais
Talvez amanhã esqueça a natureza
Fonte pura, completa, A Pureza
Muda para os que não escutam, pobreza
Cega para os que não enxergam, destreza
Talvez amanhã pule, nos sonhos, os carneiros
E esqueço a avareza dos coveiros
Não os de labuta, os rotineiros
Que são por opção, cativeiros
Talvez amanhã eu esqueça por que vim
Espetáculo de sucesso, sem arlequim
Embriagado de tesão, com um fim
Esparramar satisfação, por mim
Talvez amanhã espalhe maldade
Forjando minha felicidade
Consumindo tua alegria, minha vontade
De engolir minha ansiedade
Talvez amanha eu mude
Em me tornar o talude
Que divide o horizonte, ou ilude
Onde o monte morre, o açude