Ignorância oportuna

Meus passos dormentes na calçada

Eu nem os ouço.

Um entre tantos desconhecidos

Cruza o meu caminho sem querer

Mal ele sabe o tamanho da sorte de ser

Assim tão meu desconhecido

Desconhecer também é dádiva

Talvez a dádiva que eu mais divido

Reparto involuntária um pouco de nada

Nesse mundo tão cheio de motivos

... de investimentos pra ser mais visto

Quem suportaria de todos tudo isso?

Mas desejo que seja em qualquer esquina

A melhor das ciências divinas

Que supere a monotonia desta calma

Dos desconhecimentos que andam nas calçadas

Que valha

Seja o que dissolve a lembrança amarga

De quem teve a doçura tragada

Por qualquer falta ou por excesso de tino

Que mais acredite do que se debata

Quando a tal da alegria vier vindo

Pra ser recebida em sua imperfeição exata

Quem precisa ser de fato conhecido

Assim, reconhecido na regra que falha

Em meio a tantos ignorados haja

Esse alguém que faz diferença em forma de bem

E que por graça ainda traga

Aquelas virtudes que são desde sempre nossas

E mais à frente nos aguardam.

(Em 01/09/2019)