A VIDA

A vida sabe ser essa coisa esquisita. Entre uma valsa e outra, lembrança esquecida. Por excesso bonita, por excesso doída. Que se faz na chegada aconchego e na tristeza, partida. Porto, cais, de idas e vindas. De reencontros e despedidas. De saudades infindas. Que põe à prova até o mais fiel pragmático. Que num tropeço, pra não cair, é obrigado, mesmo sem querer, a acelerar o passo. Essa latejante dicotomia que cabe num mesmo dia o pesar de uma morte e do nascer, a euforia. Que às vezes nos veste de seda, ora de cidades. Traja em nós a paz, a guerra, o silêncio, o barulho, as vaidades...Que o nosso orgulho se dissolva diante da nossa pequenez. Que dissolva toda nossa estupidez. E ainda que sabidos de tudo, é certo que, em algo, ainda seremos ignorantes. Pois o saber é ciclo infinito e não se esgota em nossa pequena fagulha mente pensante. Que a luz do conhecimento jamais nos faça arrogantes. Nesse breve tempo que nos foi dado, em demasia precioso, no entanto regrado, eu só desejo sabedoria. Que ainda que imersos ao caos, nunca nos falte a fé, o amor, a empatia...