A vida nos leva a entender a morte, ou a aproximação da morte nos explica a vida?
Só sei que, entendo que houveram muitas noites, solitárias, em claro, no escuro da noite.
O farol dos seus olhos, buscando entendimento, ajuda, socorro, a paz necessitada e a coragem mostrando-se inacessível, enquanto escuridão.
Penso em você!
Procuro entender onde encontrou forças, para nos mostrar o que não havia, verdadeiramente, no seu interior.
Solitária, conhecia seu mundo, invisível a nós, tão particular!
Coisas de mãe!
De alguém que aprendeu a não existir, quando há outros que precisam de si.
Coloco-te, à minha frente, como espelho.
Pudesse, iria para o país de Alice, e me deixaria mergulhar na imagem refletida no espelho, buscando as respostas e o conforto necessário, no país das maravilhas que nos destes a conhecer.
Releio todas as suas imagens, que minha memória guardou, buscando a força que ainda, não tenho.
É assim, o meu mergulho na coragem. Busco em ti.
Mas, as minhas memórias, só me contam fatos serenos, que encaram a tudo como natural. De alguém que entendeu todos os mistérios da vida.
De onde tiraste essa fé? Esse entendimento?
Na esperança, na fé, de quem não desgruda dos seus?
Coisas de mãe!
Que deixa de viver, para que vivam os seus.
Que recolhe a dor, enquanto há luz, e a chora, na solidão da noite escura.
A morte explica tantas coisas!
A minha vida, hoje, me explica a sua.
A sua, corajosa, convivência com a morte, me explica a nobreza do "saber viver".
Tenho que reler todas as imagens dessas, minhas, memórias guardadas. Tirar as lições que preciso, e olvidei. E seguir, tentando andar sobre as marcas dos seus passos.
Chorarei, como você, no silêncio da noite, para que o sorriso nasça com os raios do sol da manhã que chega.
E sorrirei para os meus, mesmo que meu riso não tenha guizo, assim como fez conosco?
Terei palavras calmas...
Que acalmam terremotos?
Penso em você!
Quero sua sabedoria, transferir o que recebi.
Saber ser silêncio, mesmo que o peito grite.
Saber sorrir, mesmo que coração chore...
Calar, mesmo que queira falar, pois quietude é a paz dos que amo.
Coisas de mãe!
Que ultrapassam a vida e a morte.
Não fosse assim, não estaria, agora, buscando reflexo, no seu DNA que vive, eternamente, em mim.
 
Irani Martins
01/08/2019
 
Irani Martins
Enviado por Irani Martins em 22/08/2019
Código do texto: T6726351
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.