Casa de sacada de pedra


Tenho vontade de te sonhar a noite toda,mulher da sacada!
Assim que passo na rua de chão batido,se estava lá,perdeu-se;
A neblina que engana, o rio com sua geografia peculiar de ser  atrás da casa;
Me faz imaginar qual cor e tecido se deitas pra amar,que será?!

A vi de desengano,uma vez tocando piano,rosto de centro pra sacada ,
E rio de estalar barulho de pedras que se misturam melodia e tons de mar!
Vou ajuntando essas palavras como caso,baterei à porta e estarás lá;
Camisola de renda,moça brejeira deve que seja de chita,e que teria a me ver lá?!

Quero entrar,moça de rio,sei violão e pandeiro,moro de frente,vi aparador com fotos
E mais um candeiro e cálices e taças vazios e um tinto pela metade, deixado lá!
Vou hoje,moça da sacada da casa de pedra,levarei mais tinto,que serás a pensar?!
Minha cidadania é ser poeta,de pandeiro de tinto e de botija de sangrar!
Peço que apareças na fundura das coisas que  mais que nome ou dor de um amor!

Sou dono de vinhas aqui pertinho,tenho um lagar,peço que apareças,
Vi pelas costas em cachos os cabelos,e uma flor de cor azul-cobalto;
Vi que tes plantio de ervas,e tens girau de bater roupa e monjolo pra sementes;
Ajuntas romãs e flor de maracujás pra fazeres chà,frio está,mas vi na mesa absinto,
E papel-carta,como eu ,e tinta e nanquim,cadeira de vime que sentas e escreves;
Seria soneto,ou carta,moça, tenho um Porto,e pão de centeio,e palavras todas;
E as palavras estão vazias de ti,não criaram nada,mas vi moço de terno azul
Entrando e traziam flores amarelase carmim,as palavras são coisas eu bem sabia!!
MaisaSilva
Enviado por MaisaSilva em 25/06/2019
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