Bordado com Pérolas

Sempre fui de lutar, me achava covarde, frágil demais, temente, seca,
Não tinha a segurança precisa dos heróis que sempre vencem todas as batalhas,
Sempre me achei completamente despreparada para qualquer luta,
Meu interior sempre fora de Paz, sempre sonhara com um príncipe,
Com meu mundo mágico, com minha caminhada serena,
Com minha alma calma, num manso porto, num simples cais,
Mas nunca fora assim como eu quis,
Minha vida foi um roçar da areia na ostra, em tudo,
Só que eu não sabia, não tinha a menor ideia que tudo que passei, era para formar a tal Pérola,
Pérola é tudo o que escrevo, bordo,
Vem da fonte da vivência, da luta, do sangramento estarrecido,
Vem do corte no coração, cru, vem das lágrimas engolidas, surdamente,
Quando, deitada em posição embrionária,
Tudo que eu desejava era voltar ao útero da minha mãe,
Mas tinha que nascer de novo,
Levantar feito guerreira quando tudo em mim pedia repouso,
Igual planta ressequida, quando é obrigada a buscar vida, água, adubo,
Ou ela busca ou morre, e ela torce, enverga, mas não quebra,
Vai para a direita, esquerda, acaba achando um veio d'agua e sobrevive, igual a mim, sempre fui de insistir,
Mas não me enxergava assim, só quando tudo passava, deitada, exausta
Aí lembrava o tamanho das labaredas de fogo que tinha apagado só,
Até então me achava um Davi da vida, mirradinho, pequenino, sem valor, me achava Flor,
E a vida trazia pedra, para eu quebrar, com toda minha sensibilidade,
Independentemente da idade, tudo começou muito cedo,
Com aqueles que eu mais confiava,
Os quais eu deveria ter me afastado primeiro,
E vieram tantas areias na Ostra em forma de gente,
E veio tanta gente oca, e eu tão inocente,
Eu, completa internamente,
Viva, via amor em tudo, via sabor no ar, vivia dentro do Luar,
Eles querendo apagar minha Luz,
Mas Luz vinda de DEUS ninguém apaga,
Sol que brilha, resplandece, é prece Divina, cresce,
É bordado interno, pintado no profundo do meu eu, é real,
É costurado depois de muita chuva,
Tempestades, trovões, relâmpagos,
Aprendi a ver meu Sol riscado, feito bordado com bastidor,
O bordei com linhas do perdão com grande Amor,
Eu já nasci com essa marca registrada, de guerreira,
DEUS já tinha bordado no meu coração antes que eu nascesse, com linhas coloridas, com sete cores,
Lembra o arco-íris? DEUS e eu bordando, os amores,
Ponto por ponto, entre a alegria e a dor,
Que é nesse meio tempo, de dor e alegria,
Onde tudo se extasia, a gente já não é mais da gente,
É mais de lá que de cá, que o diálogo com Ele aparece,
Eu começo a escrever Estrelas em meus versos,
Que se tornam Árvores aqui na Terra,
O adubo é minha rima, como sina, planta adubada dá Flores e Frutos,
Que de Mãos dadas com meus Sonhos, me ensinam a Caminhar levemente, absorvendo tudo de bom na minha frente para que eu seja mais Feliz.
A Felicidade pode até fazer parte do começo e do fim, mas é no intervalo, é no meio do Caminho, que ela dará seu maior SIM,
É quando os olhos internos aguçam mais,
É como a fruta, o que nutre, está no interior,
E as Pérolas?
Continuam aqui, fazem parte do Bordado da minha Vida, que DEUS escolheu continuar bordando por e para mim.
Teônia Soares
Enviado por Teônia Soares em 15/12/2018
Reeditado em 20/05/2020
Código do texto: T6527373
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