Menos de mim... Mais de Ti!

Somente o som dos pássaros rompem o silêncio

do tempo que precede a grande tormenta...

Não há frase, sequer vogal,

palavra inteira que descreva tamanha amplitude do vazio...

Os rabiscos por hora frios nos desabrigam,

e as cores antes vivas não mais nos aquece...

Como se a nódoa da alma desbotasse a própria pressa...

Os muros são tão altos e intransponíveis,

feito cárcere privado de um vício,

neste tempo em que até os sorrisos indigentes padecem.

Restam os erros latentes, furtantes de sonhos, cores, sabores,

abutres mesquinhos da mente!

E se esvai quase um todo, exceto o amargor eloquente...

Os pesadelos são numerosos e pouco a pouco pesam até os dedos...

Parecem ruir vínculos e razões, emoções!

Onde tudo é tão superficialmente intenso...

No oco de uma alma seca e de veias esguias,

por não se preencher de desejos são parcos os lamentos,

quando é possível notar que a grande tormenta já se instala...

São ruídos ensurdercedores, ventos tenebrosos, noites dias,

um mar de lágrimas ocultas no calar de uma madrugada de eixos invertidos!

E quando já pensamos desistir desse próprio significado,

como dois e dois, Deus nos fazem plurais...

Pois somos seres singulares,

resultados sortidos de uma equação que antecede...

E como um vaso outrora vazio,

posso entender que Ele quer nos esvaziar:

da vaidade que enegrece a alma,

dos cheiros e vícios da pressa,

das solitárias palavras bonitas em uma tela,

para só então preenchermos de amor e vitalidade,

de autossuficiência e caridade...

Pois um recipiente vazio ainda que pareça diminuto,

acomoda-se mais aprendizado!

Tudo o que nos falta só Ele preenche,

se nos sobram as horas faz-nos honrá-lo até em segundos,

plantar sempre mais das suas sementes...

... àqueles que a tormenta ainda desaquece!

E tudo o que nos falta, doamos abundantemente,

pois adquirimos um pequeno limiar de presente,

seria este o verdadeiro escudo dessa alma,

a essência resoluta de que somos um ínfimo grão de areia,

mas se ainda assim Ele é capaz de nos amar infinitamente,

de morrer por nós quando ainda éramos imperfeitas siglas do universo,

de enxergar nossos olhos vazios e preenchê-los de um cuidado Paterno,

porque desprezaríamos tamanha misericórdia?

porque abriríamos mão da felicidade eterna?

limitando-nos a não compreender qualquer particularidade e mente,

até o próprio jeito de ser...

Depois de um vazio intenso, tornamos abundantes...

Depois de um verão sem vida,

de um inverno inóspito e infrutífero,

quando nem mesmo a coberta é abrigo à nossa própria escassez,

Deus nos socorre!

Nos dá novas sandálias, nos fazem agricultores...

... sem ao mesmo merecermos!

Na certeza de que nada somos, e o pouco a Deus somente!

Onde havia nem tom, sabe Deus quanta felicidade

compõe a melodia inteira...

Dessa vida, que é meu mais valioso presente:

O hoje, sempre!

20/11

Keith Danila
Enviado por Keith Danila em 23/11/2018
Reeditado em 23/11/2018
Código do texto: T6509666
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