O PORTÃO

Ela estava ali, encostada ao portão, bem há uma hora. Estava ficando cansada. Aqueles saltos castigavam seus pés, mais acostumados a delicia das sandálias rasteiras. Ele dissera que chegaria às 20 horas, que ela vestisse aquele vestido azul com o decote canoa que ele tanto gostava, soltasse os cabelos e usasse um batonzinho discreto, pouca coisa, de leve para não chamar a atenção dos outros homens. Sorriu, enquanto rememorava alguns lances do namoro... Que ciumento ele era e como ficava violento! Certa feita, estavam dançando naquela gafieira da Lapa, quando um cara que dançava com a Marilu veio pedir para trocar de par. Foi a deixa para o mau gênio de ele vir à tona e, com uma gravata arrastar o cara para fora do salão.Voltou em instantes e disse que o tal havia ido embora. Estremeceu e um longo arrepio percorreu suas costas quando o barulho de um carro se aproximando interrompeu suas lembranças. Voltou-se a tempo de ver a porta do carro abrir e um corpo ser lançado fora caindo bem aos seus pés. Gritou. Era ele, era o Zé.

regynacarvalho
Enviado por regynacarvalho em 01/08/2018
Código do texto: T6406472
Classificação de conteúdo: seguro