Sonho recorrente

Olho em volta e percebo,

O transitório que me cerca, o incerto, o engano,

Os tempos estéreis em que nos movemos,

Tempos duma extensa intensidade apática,

Olho quem me rodeia e o que vejo?

Vejo sombras, sombras que se movem e que falam,

Pois onde antes eram constantes os indivíduos e as suas palavras,

Agora, as palavras são apenas sons, que não produzem sentidos,

Porque as palavras estão agora desprovidas de palavra,

A mentira passou a ser sinonimo de verdade tal como a coerência e a incoerência.

E vejo mais,

Enxergo seres que ainda se querem manter incólumes, intactos na credibilidade de que são feitos,

E lá vão prosseguindo incansavelmente, por entre todo o tipo de obstáculos, procurando seus pares e esgrimindo com as sombras,

E nessa busca vão-se deparando com a aridez e a vulgaridade da indolência, mas continuam em silêncio, percebendo muito bem o que os cerca…

E já em terreno seguro junto de quem procuravam, seu silêncio transforma-se num grito ensurdecedor que em uníssono ecoa na calada da noite:

_Basta de tanta impostura, basta de tanta ignominia, não insultem a inteligência alheia!

E meu sonho termina quando pela alvorada, esse grito se cala instalando-se o silêncio como resposta perante o nada que caracteriza as sombras.

Pimentel Teixeira Paula
Enviado por Pimentel Teixeira Paula em 06/07/2018
Reeditado em 08/07/2018
Código do texto: T6383020
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