Louco da alogia.

Não tenho como ficar louco

pois que as horas me acordam

e o sol anda a fazer pouco

e meus passos lentos entram

nas esparsas nuvens que flutuam.

Não tenho como enlouquecer

se as horas me temem

e estão a me esquecer

nas dores dos que gemem

em filas de sanatórios.

Vigiam-me a saúde, doutores.

Mentes privilegiadas e sãs.

Insanas pelo diagnóstico

de paletas coloridas e sabores

a advinhar a própria lógica.

Que me loucura

seja doce de amores

ou se não fosse

seja acre, mas sabores

não lhe faltem.

Nem cólicas ilógicas,

nem motivos pra ruir,

nem alogias pra mim.