Lençóis do Tempo

Os lençóis estão no varal presos com os pregadores do tempo,

Não estão totalmente brancos, é preciso lavá-los com os sentimentos.

O varal está pesado...

Os lençóis estão encharcados, amarelados, estão secando...

Os ventos fazem os sentimentos bailarem todas as manhãs, os ventos são os mesmos de tantos tempos...

Tempos de brincar...

Brincar de correr, de pega-pega, de bola, de esconder,...

Esconder do bicho papão...

Os lençóis estão no varal, à criança adormecida, sorri...

Esfregando os olhos, fixados no tempo.

O balanço está inerte, o escorregador está vazio, não há gritos nem risos de alegria, a alegria perdeu a graça, a graça da expressão...

Expressão de sorrir...

Acordar de um sonho de ser criança...

Somos crianças no tempo de gente grande...

Voar abraçado com a suavidade do passado, tão hoje como nunca.

A esperança morre...

A essência vive...

A luz carrega para o alvorecer um aconchego na leveza do ser, flutuando na energia de viver...

Viver para sempre...

O corpo explode, em vários amores, um amor para o mundo inteiro e a luz insiste em sobreviver para tantas almas que se foram.

Esta transporta para as nuvens, a alegria de sentir o abraço paterno, o ser que acalma e conforta.

Os lençóis estão na chuva...

Relâmpagos da reflexão...

Os lençóis estão na tempestade enxugando suas gotas...

Na tristeza do ser...

Só lhe dão amor...

Só lhe dão carinhos...

Só lhe dão ensinamentos...

Só lhe dão julgamentos...

Só lhe dão abraços...

Só lhe dão sorrisos...

Só lhe dão amores...

Só lhe dão pensamentos...

Só lhe dão sonhos...

Só lhe dão frustrações...

Só lhe dão tristezas...

Só lhe dão desconfianças...

Só lhe dão censuras...

Só lhe dão desistências...

Só lhe dão desprezos...

Só lhe dão desesperos...

Só lhe dão consciência...

Solidão lágrimas...

Solidão

O lençol está no escuro da noite, as estrelas secam o lençol, engomado pelas lágrimas...

A solidão abriga, acolhe e encolhe um coração.

Sentimentos adormecidos, não pulsam mais.

A pulsação está cortada...

Uma enxurrada de vida...

O lençol não está branco...

O lençol não esta preso nos pregadores do tempo...

O lençol está solto...

E em um vendaval, plaina para o alvorecer da alma...

Livre!

Livre de sua dor...

CARLLUS ARCHELLAUS
Enviado por CARLLUS ARCHELLAUS em 28/04/2018
Código do texto: T6321458
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