Carta a si próprio, a raposa e o lobo.

Vem cá menino,

Meu querido amigo,

Puxe uma cadeira,

E comecemos então a conversar.

Como andei distante,

Buscando a todo custo lhe saturar,

Sim, quão egoísta da minha parte,

Excluir-lhe, e de atenção lhe privar.

A tempos nesta busca vã,

Priorizando achincalhes,

Narcisismo em alardes,

Matando o hoje pelo incerto amanhã.

Demorei tanto entender,

Que não sou ninguém,

E sempre serei se sem você,

Preciso de ti, necessito lhe ter.

Tu me completas,

És o acerto, como setas,

A indicar o caminho de volta pra casa.

És beatitude, que diante o pecado cria uma jaza.

Andava eu a lhe escamotear,

Almejando muito por nada,

Fantasiado por fábulas de contos de fadas,

Estava caindo, aos poucos, só em falsas estradas.

Mas um terceiro e um quarto alguém,

Neste meio termo vieram a surgir,

O lobo e a raposa,

Com suas flautas mágicas melodias arguir.

E assim adentrei nossas almas,

Obrigando-me a pensar,

Fazendo meu olhar também ouvir,

E a visão deixou de se obnubilar, quando tais conselhos permiti sentir.

Foi então, da autorreflexão,

Que devagar vi nosso pedaço a se remodelar,

Pude a nós dois aos pouquinhos salvar,

Agora, lhe amo mais, e não vou jamais, nunca, lhe abandonar.

Magé, 19/10/2017