Mar de culpa

Na minha época era difícil ver alguém com papel e caneta na mão.

Embora eu nunca tivera classe suficiente para usar o lápis,

E nem delicadeza o bastante para a lapiseira.

Ver alguém com papel e caneta era tão raro e tão romântico quanto o cheiro da garoa fria no esfalfo quente.

A vida às vezes te leva a lugares que você jamais imaginou pisar.

Países.

Altares.

Halteres. Sim, halteres.

A vida é maravilhosa.

A vida é um círculo completo.

E o que faz com que ela seja tudo isso,

É a capacidade dela e da gente de se adaptar. Se metamorfizar.

Renato Russo,

Cazuza,

Cornell,

Todos morreram iguais.

Viveram “intensamente”? Talvez.

Mas morreram iguais.

Eu admiro quem se converte por isso.

Admiro cristãos (os de verdade) por isso.

Passam a vida afundados em lama.

Tomam uma decisão e a partir dela, saem da condição de náufragos e se tornam navegantes.

Navegantes em um mar de culpa.

Di Rodrigues
Enviado por Di Rodrigues em 30/11/2017
Código do texto: T6186735
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