Órfã de Mim Mesma

Eu não sou de mim nem de ninguém

Eu sou só e, no entanto, não consigo ficar sozinha.

Me sinto perdida sem saber o que quero,

E ao mesmo tempo, como eu quero!

Quero o que não tenho,

Talvez se tivesse também não quereria.

Meus pensamentos me fazem sentir que não sou daqui

E nem quero o que aqui tem.

A minha alma vai mais além.

Gostaria de me encontrar, mas como...

Se vasculhar o meu interior me torna vazia

E ao mesmo tempo me dá a certeza de que existe tanta,

Tanta coisa a ser revista, esclarecida e conhecida.

Eu sei que lá dentro há um mundo de ternura

Emoções tão desconhecidas que meu consciente não ousa penetrar.

E esta angústia é justamente porque eu sei a porta da minha felicidade, mas nela eu não consigo entrar.

Para esta porta do meu interior eu tenho a chave,

Mas por não me sentir dona dela,

Fico à deriva...

Me sentindo órfã de mim mesma.

Claudete Campos