Poesia de olhar
Sua poesia era repleta de sentimentalidades. Os olhos desenhavam cada rima, cada ponto, cada acento, cada forma. Produzia versos com suspiros, gestualidades e abraços. Não era poesia de papel. Tinha uma poesia-corpo. Poesia-vida. Poesia-afeto. Desencantava os insensíveis. Possuía a mania de chorar de injustiças, de sorrir por miudezas e de morrer de amores. Saía do corpo serena e viajava para o nada, e só retornava quando luas e sóis desfilavam de mãos enlaçadas. Amou a todos, e se desfez de cada um com a alma apaixonada. Quando cansou de inventar, tombou seu corpo falecido e enamorou com a morte. Restaram apenas fragmentos de estórias. Virou poetisa do nunca.