Prazer do mal

A vida,

A vida distorcida,

Por um instante tento em vão não padecer,

As migalhas deixadas na beira da mesa,

É como me sinto após mais uma noite de intenso prazer.

Sinto-me usado,

Literalmente usado,

Como um comum viciado,

Injetando uma droga na veia,

Querendo deixar a vasilha da vida mais cheia,

Mas por dentro na verdade ele se odeia,

E eu, pobre coitado,

Fico ali sendo usado,

Por esta infame e viciada,

Que me utiliza como válvula de escape,

Enquanto tenho minha alma tão humilhada.

Mas o que é que eu esperava alcançar?

Se no fundo já compreendia todo esse mal?

Sinceramente,

Venho sendo egoísta,

Igualmente infame,

Mesquinho,

Orgulhoso,

Esdrúxulo, vil e trivial,

Pois ela usava a mim,

E eu também a usava,

Era algo louco,

Impuro, um humano que humanidade desprezava.

Batidas estrondosas, tons surdos,

Sinto um palpitar,

Estarrecido,

Eu me tornei louco,

Adentrei-me inteiro vazio?

Pois estou esquecido,

Por mim mesmo exaurido,

Ferindo minha pela,

Esse encostar,

Mal atribuído,

A jorrar egoístas fluidos, medrosos mal ditos.

Petrópolis, 14/10/2017 às 08:23