Sonhos análogos, não pago para tê-los

Quero ter uma casa num lugar bucólico, uma cozinha alegre e arejada com cheiro de pão e café fresquinho. Quero redes na varanda para receber pessoas que me contem casos engraçados que marcaram sus vidas, e que deles possa tirar deduções para eu ser um pouco melhor, mesmo que eles ainda não conseguiram construir a sua casa.

A casa que eu estou a construir, ainda não é tão grande quanto eu gostaria que fosse, nem tão sem muros quanto é o meu desejo de liberdade.... mas, certamente ela agradará àqueles que ali chegarem. Sei que dá muito trabalho cuidar de uma casa grande e meio sem fronteiras, principalmente porque não terá ali nenhum tipo de segurança, pois tenho alma de pássaro, preciso ser livre para me sentir útil e entender que a felicidade não tem as amarras das limitações espaciais e ideológicas.

Sei que receberei em minha casa também pessoas que pensam diferente de mim, que trazem em sua bagagem desvio de caráter ou princípios inadequados a um comportamento ético e apreciável. Essas pessoas podem deixar teias de aranha em algum canto, mas saberei filtrar o que de plausível me trouxerem, pois cada um traz na sua bagagem as tecituras de vidas que seguem.

Certamente impactarei algum leitor, haverá controvérsias, e daí? Eu quis uma casa à beira da estrada... Devo, portanto, espanar a sujeira todos os dias. Às vezes, eu me distraio e a sujeira se acumula, pois as pessoas que adentram a minha casa nem sempre são cuidadosas. Algumas já me feriram, me castigaram, mesmo quando eu só queria ajudá-las para que elas resgatassem a dignidade que perderam por algum revés na vida. Pessoas, que eu queria apenas acolher, pois à princípio, se fizeram cativar... Não se espera, neste caso, troca material, mas a valiosa reciprocidade de apreço e consideração.

Terei apenas uma casa grande, musical, sem apegos, com muitos livros na estante, plantas ornamentais e com muitas janelas por onde eu possa sentir a brisa campestre e ver a dança dos pássaros que perfilam a saborear os frutos dos arvoredos.

Terei apenas uma casa assim - simples, receptiva. Não quero ter a casa mais bonita que eu possa construir e conservar. Saiba, portanto, que se falo de mim, é porque estou fazendo para você lugar especial, aquele que terá flores na janela... e assim, quando precisar de uma rede na varanda, um pão quentinho e um pouco de música, venha! Na minha casa há um cantinho acolhedor, para você que me fez ou possivelmente me fará cativar...

Créditos: Mariene Cardoso Santos

Professora de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira

Pós graduada em Docência no Ensino Superior e

Educação Escolar

Mariene Cardoso Santos
Enviado por Mariene Cardoso Santos em 07/10/2017
Reeditado em 02/06/2022
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