Linhas escarlates

Preparo o garrote

Amarrando firme o pedaço de borracha

Meu braço ja acostumado com a picada

E a outra ponta

Leva para a caneta

Derramo incontáveis versos

Que vibram em carmesim intenso

Desde sempre escrevendo assim

Descarregando mazelas da vida

Frustrações e desgraças

Mas também paixões avassaladoras

Que iluminariam estados

Com tamanha potência que tem

Porém elas me exaurem

Como estrela cadente no céu

Sendo pulverizada na extratosfera

Causando lindo, porém lúgubre espetáculo

Maldição de altos e baixos

Que bomba inspiração no sangue

Que flui para a caneta

Que verozmente me devora

Em raras ocasiões há momentos de paz

Que geram textos leves

Com certa beleza em detalhes diminutos

Contudo a sombra taciturna não esquece

E me arrasta para o breu

E meu coração pulsa dolorido

Precisando aliviar-se

Para não afogar no véu cor de ébano

Roga a cada letra

Que um dia essa maldição se quebre

E o sangue que bombeie minhas palavras

Seja revestido

De paixão

De reciprocidade

De pequenos atos

Da direfença a qual ninguem nunca fez

Edu Campagnolo
Enviado por Edu Campagnolo em 02/10/2017
Reeditado em 04/04/2018
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