Não temos tempo para a vida

Não temos tempo para a vida

Porque vivemos a vida que não nos permite viver.

Não temos tempo para celebrar nossa própria existência.

Porque é justamente o vigor que nos instiga a acolher a rotina.

Não temos tempo para o amor

Porque o sentido do amor se perde no tempo.

Não temos tempo para acariciar, sentir ou abraçar

Porque a sensibilidade é uma banalidade para o tempo presente.

Só temos tempo para a dor

Porque a dor nos obriga a parar no tempo.

Diante da doença, do sofrimento

Ou da perda de um ente querido ou amigo

As obrigações corriqueiras se tornam, de fato, trivial, habitual, vulgar.

Haverá tempo para o choro.

As carícias e abraços parecem ter cada um o seu lugar.

Os velórios vão se tornando reencontros de família,

Cheios de netos, tios e sobrinhos,

Até mesmo pais e filhos que, por certo, não se encontrariam em outra sorte.

Pois, somente assim, cancela-se sem muito remorso a agenda

Para solenizar a morte.

Jaildes Ferreira
Enviado por Jaildes Ferreira em 27/09/2017
Reeditado em 24/04/2018
Código do texto: T6125929
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