O acaso

É possível fazer poesia com um olhar,

ou até mesmo com um copo de cerveja.

A poesia está até nos flancos das calçadas sujas

onde você mora.

Eu continuo aqui, esperando uma breve guinada

para contemplar o doce veneno disso tudo.

Vamos falar de revolução, de partidos, de corações

partidos. Essa balada nunca acabará meu bem.

As eleições passaram, nossos gritos de protesto passaram.

O que não passa é a febre causada pela distância.

Há em tudo uma projeção filosófica e metafísica, mas tenho

certeza de que não se importa com isso.

Alívio. Há sempre um canto no mundo onde podemos

nos refugiar desse inferno todo que é ser.

A possibilidade infinita de re-ver-te acaba em instantes de dias.

Mas o bar, o calor, e nossas risadas olhando para o céu, até nos dá um gostinho de esquecimento necessário nesse tempo tão torpe e ditatorial.

A vida? pouco importa. A esperança é a última que nasce.

Andressa Takao
Enviado por Andressa Takao em 20/09/2017
Reeditado em 20/09/2017
Código do texto: T6120060
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