Tão só

Sinto tua falta.

Assim.

Como quem apresenta dificuldades para respirar.

Não sei aonde andas, com quem estás.

Se tudo fica bem para você quando longe de mim.

Se pensas em mim um tanto de como penso em você.

...

Acordo e olho para o celular.

Haverá mensagem tua?

Trabalho mastigando as horas e relembrando nossos momentos juntos.

E dói.

A saudade aperta.

Quando tenho uma folga, corro novamente para o celular.

Coração dispara ao ver notificação tua.

E quando não tem, entristece-se.

Preocupo-me.

A comida perde o sabor.

As coisas do dia a dia tornam-se chatas.

Sinto falta da tua voz.

Da tua risada.

Do teu cheiro.

E tenho a certeza de que sou uma boba apaixonada e não correspondida.

Quero deixar você.

Voltar a ser eu mesma.

Seguir em frente, sozinha.

...

Termino o meu dia e vou para casa.

Sozinha.

Desanimada.

Faço o que tenho para fazer de forma automática.

Sirvo-me de uma taça de vinho e de boa música.

E decido pelo fim.

...

De repente, você me chama.

Sinto a respiração falhar ao saber que sentes minha falta.

E uma briga interna começa.

Devo.

Não devo.

Vou te ver.

Não vou.

Derrotada, a razão cede à paixão.

E espero ansiosa o nosso encontro.

Cantarolo, sorridente.

Morenamente feliz.

Planejo cada momento ao teu lado.

E quando chega a hora, me entrego.

Simples assim.

Integralmente.

Deliro nos teus braços.

Me embebeço nos teus lábios.

E tenho a certeza de que, naquele momento, sou tua e tu és meu.

Tão simples.

Tão completo.

Sem planos para o futuro.

Apenas o presente.

E volto feliz para casa.

Leve.

Sentindo que a vida vale a pena.

Que conseguirei sobreviver a mais um tempo sem você.

No dia seguinte, a saudade volta forte.

Quero falar contigo.

Sinto urgência em ter você comigo.

Loucura.

E recomeça a tortura.

De novo vem a certeza de que tudo deve terminar.

Para o nosso bem.

Mas essa angústia só dura até você me tocar.

Essa certeza se fragiliza quando me abraças.

E a tormenta interna volta a me machucar.

Sei bem o que devo fazer.

Só espero você me decepcionar.

Porque quando eu disser: "É o fim", não vou voltar atrás.

Mesmo ficando eternamente só.