Nilismo e palavras

Sinto-me ligado a ti. Sinto que tenho muito a dizer. Mas fogem de mim as palavras e as ideias, então calo-me. Nada escrevo, nada penso. Há em mim um silêncio mortal, entretanto, meu coração continua a urrar as palavras que minha boca não consegue dizer e minhas mãos não conseguem escrever. Porém, ninguém o ouve. Há um longo caminho entre o coração, a boca e a ponta de meus dedos e nele, tudo se perde. Sinto a loucura se aproximar, sentimentos nunca exalados continuam a me assombrar durante a noite. Vejo tua forma em outros corpos e, novamente, amo-te. Mas amar-te agora significa o fazer sozinho, pois tu já partiste. E mesmo agora, agora que tanto preciso delas, as palavras ainda fogem. Palavras são soberbas, eu já não sou nada.

Marcos Amorim
Enviado por Marcos Amorim em 27/06/2017
Reeditado em 25/07/2017
Código do texto: T6039294
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