O MILAGRE DA CINÉTICA

Sinto o vento que bate na cidade cinza

E que ao levantar a poeira

Revela-me o oculto do que se perde no esquecimento...

Mas o meu coração...ele bate!

Olho para o tempo apressado, ingrato!

Que com braços fortes desvia o meu caminho

Tendo às mãos as rédeas do meu destino...

Mas o meu coração...ele bate!

Da minha janela, vejo a cidade iluminada...em movimento

Que me parece alheia a todos os questionamentos.

E à criança do farol que enegrece a minha alma...

Mas o meu coração...ele bate!

Ouço o gemido no leito, como um grito

Tênue por socorro esquecido...e no tempo perdido,

Cuja dor intratável clama por alívio...

Mas o meu coração...ele bate!

Olhos nos olhos cansados do ancião que procura a minha mão,

E neles enxergo o meu mesmo pedido:

O de não ter esse amanhã tão desmerecido!

Mas o meu coração...ele bate!

Observo a cinética da vida obscura que nos cabe,

E nela faço o meu milagroso movimento:

Este meu...TUM...TÁ!-ACELERADO BATIMENTO

É meu heróico coração...

Que ainda ...bate.

SP,19/07/2002